Entre Artes
Expressão do mundo:
Entre as artes brinca,
Bagunça,
Vira poesia.
Convite à dúvida,
Vira gênese constante,
Expressão criadora,
Que mora secreta nas coisas,
Que habita o corpo na febre.
Torna sujeito e obra
Um,
Ser criador,
Então apenas espectador.
Nas cinco imagens, um elemento comum: o corpo feminino. No texto, um único substantivo: corpo.
As fotografias guardam a ausência de um estilo marcado, se pensarmos no fazer de um desenho. Elas seriam simples registros, tanto das obras representadas, quanto de uma paciente de Charcot. Imagens icônicas cujos sentidos, permeados pela objetividade, se limitariam a meras denotações.
Mas os adjetivos dão sinais de que a denotação é uma utopia. Eles tentam embrenhar-se nas lacunas inerentes às imagens, buscando dar conta da polissemia não apenas que as habita, mas que também se origina da interrelação entre elas.
Assim, o hermetismo da denotação dá espaço a significantes conotadores, reflexos dos sentidos que despontam em cada leitor / espectador; reflexos do caráter teatral do sentido, capaz de nos conectar à essencialidade de todos os enigmas e violências, reais, imagináveis, classificáveis e não-classificáveis associadas ao corpo feminino.
Então poderíamos nos perguntar: os adjetivos fixam ou ampliam os significados? Talvez nos restasse apenas a ideia de que esse limite se turva à medida que os sentidos flutuam por entre eixos semânticos, em meio a associações selvagens e oposições errantes.
E da costura entre mensagens linguísticas, imagens denotadas e conotadas tecem-se as tramas de uma retórica, que vela a intenção de uma denúncia, e de uma ideologia, que desvela os valores mais profundos de uma cultura.














